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Saúde

Brasil registra crescimento contínuo da sífilis

16/12/2025 às 07:55
Brasil registra crescimento contínuo da sífilis

A sífilis continua avançando no Brasil em ritmo acelerado, acompanhando uma tendência observada em diversos países. Dados do Ministério da Saúde divulgados em outubro deste ano indicam que a situação é especialmente preocupante entre gestantes, grupo em que o risco de transmissão da doença para o bebê permanece elevado.

Entre 2005 e junho de 2025, foram registrados mais de 810 mil casos de sífilis em gestantes no país. A maior concentração ocorreu na Região Sudeste, que respondeu por quase metade dos diagnósticos, seguida pelo Nordeste, Sul, Norte e Centro-Oeste. Em 2024, a taxa nacional de detecção chegou a 35,4 casos por mil nascidos vivos, evidenciando o crescimento da transmissão vertical — quando a infecção passa da mãe para o feto durante a gestação.

Especialistas alertam que o enfrentamento da sífilis congênita é um desafio antigo no Brasil. Apesar de ser uma infecção de diagnóstico simples e tratamento de baixo custo, os índices permanecem elevados há décadas, especialmente entre mulheres jovens em idade reprodutiva.

De acordo com a ginecologista Helaine Maria Besteti Pires Mayer Milanez, integrante da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas da Febrasgo, o país ainda não conseguiu reduzir de forma consistente os casos da doença. Para ela, falhas no diagnóstico, na interpretação dos exames e no tratamento adequado contribuem diretamente para a manutenção do problema.

Um dos principais entraves apontados é o subdiagnóstico. O exame mais utilizado no Brasil para rastrear a sífilis é o VDRL, que permite acompanhar a resposta ao tratamento, mas não é específico para o agente causador da doença. Já o teste treponêmico, mais específico, permanece positivo por toda a vida, mesmo após a cura. A interpretação equivocada desses exames, especialmente durante o pré-natal, leva muitos profissionais a não iniciarem o tratamento quando necessário.

Outro fator crítico é a falta de tratamento dos parceiros sexuais. Quando apenas a gestante é medicada, o risco de reinfecção permanece alto, o que aumenta as chances de transmissão para o bebê. Segundo a especialista, essa falha no cuidado integral do casal é um dos principais motivos para o persistente número de casos de sífilis congênita no país.

A Febrasgo tem promovido cursos, capacitações e materiais técnicos para orientar profissionais de saúde sobre a prevenção, o diagnóstico e o tratamento das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas para sífilis, HIV e hepatites virais também estão disponíveis ao público por meio do Ministério da Saúde.

Os dados mostram ainda que os grupos com maior crescimento de infecção por sífilis incluem jovens entre 15 e 25 anos e pessoas da terceira idade. Entre os mais jovens, especialistas associam o aumento ao abandono do uso de preservativos e à redução do medo das ISTs. Já entre os idosos, o prolongamento da vida sexual ativa, aliado à ausência do risco de gravidez, tem levado à menor adesão aos métodos de barreira.

Um agravante é o fato de que mais de 80% das gestantes infectadas não apresentam sintomas durante a gravidez, caracterizando a fase latente da doença. O mesmo ocorre com muitos homens, o que dificulta a identificação sem exames específicos. Lesões iniciais podem desaparecer espontaneamente, levando o paciente a acreditar que não há necessidade de procurar atendimento médico, embora a infecção continue ativa e transmissível.

Com a proximidade do Carnaval, especialistas reforçam o alerta para o aumento do risco de transmissão de ISTs, já que o uso de preservativos tende a diminuir nesse período. Embora existam estratégias eficazes de prevenção para o HIV, como a PrEP, não há método semelhante para a sífilis, o que torna o diagnóstico precoce e o tratamento imediato ainda mais essenciais.

Sem tratamento, a sífilis pode evoluir para fases mais graves, com manifestações cutâneas e alto nível de circulação da bactéria no organismo. Em gestantes com infecção recente, o risco de comprometimento fetal pode chegar a 100%, tornando o acompanhamento pré-natal adequado um dos principais indicadores da qualidade da atenção à saúde materna no país.